segunda-feira, 28 de abril de 2025

Percepções divergentes sob fundamentos convergentes

 

Por Jânsen Leiros Jr.

Um convite ao diálogo respeitoso entre irmãos de fé, que compartilham o mesmo Salvador, mas divergem em interpretações e tradições teológicas.

Há bem pouco tempo, fui apresentado a um grupo de católicos extremamente dedicados à tarefa de sustentar os princípios da fé cristã, empenhando-se em difundir conceitos e valores que, segundo eles, foram perdidos ao longo do tempo. Como os conheci pessoalmente e vivenciei de perto a devoção de seus integrantes, seria absurdo duvidar de suas excelentes intenções, além de reconhecer que a iniciativa vem em um momento histórico extremamente pertinente.

Apesar de estarmos caminhando perigosamente para fundamentalismos de todos os seguimentos e ideologias mundo afora, ter quem mantenha determinadas bandeiras levantadas — como que a nos lembrar de onde viemos, quais nossos valores e no que acreditamos como sentido existencial — é importantíssimo, pois corrige desvios e renova propósitos ao longo da caminhada. Por isso, não posso deixar de ver com simpatia — e por que não dizer, alegria — o fato de que há pessoas interessadas em se colocarem na brecha.

Uma de suas linhas de atuação é a publicação de textos, livros e coletâneas inspiradoras, com ensinamentos espargidos por renomados autores — sejam sacerdotes de consagrada teologia e didática, sejam expoentes da sociedade civil católica, capazes de, apologeticamente, contribuírem para a vocação da organização.

Em algumas dessas publicações, como não poderia deixar de ser (e por isso não me causou qualquer surpresa ou incômodo), há conteúdos que desafiam a teologia protestante. Há até mesmo uma coleção intitulada Volta pra Casa, que obviamente tem como meta trazer de volta à fé católica protestantes em geral, que — bem-intencionados — apenas encontram-se equivocados em suas crenças e teologias. Também nisso não vejo qualquer problema. Todo grupo religioso tende a pretender, por “vício de ofício”, que sua pregação seja capaz de convencer quem quer que seja a seguir pelo mesmo caminho.

Ora, nesse esforço, é impossível que os pontos divergentes em nossas teologias deixem de ganhar destaque, servindo de mote para debates e argumentações de parte a parte — na pretensa certeza de que, quem for mais convincente, arrastará leitores, ouvintes ou mesmo plateias.

É importante ressaltar aqui que estamos apontando para divergências teológicas — ou seja, questões não ligadas diretamente à salvação — onde há total convergência de que Jesus, o Cristo de Deus, é o nosso Salvador. E por que a ressalva? Porque é preciso deixar claro que todo debate à frente, toda a argumentação a que iremos nos debruçar, é mero exercício teológico, e não pretende fechar questão sobre quaisquer condições que ao exercício elucubrativo não se restrinja.

Não, não estou sendo camarada ou “boa praça”. Nem me aventurando em um concurso de virtude. Apenas pretendo manter alto e gentil o processo salutar do confronto de ideias — sem que tais e inevitáveis divergências nos coloquem em posições opostas e, eventualmente, beligerantes. Ao contrário: a ideia será sempre a de contribuir para um pensamento continuadamente apurado e direcionado às melhores conclusões. Afinal, um só é o Senhor de todas as coisas. E isso inclui a verdade absoluta. Já nós, tateamos... como quem enxerga por espelhos. Mas um dia, seremos apresentados a tudo. Até mesmo à verdade — quer estejamos perto ou longe dela.

Assim, periodicamente, iremos apresentar um tema sobre o qual nos debruçaremos dedicadamente aqui mesmo, no blog. Além do texto, teremos conteúdos em nosso canal, com participação de muitos companheiros de caminhada. Você vai gostar!

Desejo que todos façam excelente uso do conteúdo que disponibilizaremos. Que seja oportunamente inspirador a todos — e provocador àqueles que incessantemente buscam a verdade.